DANIEL CASTRO
- 13/02/2017
Apresentadora
do tempo do Jornal Nacional entre 2008 e 2013, Flavia Freire surpreendeu
jornalistas e telespectadores na semana passada ao pedir demissão da Globo.
Afinal, por que abrir mão de uma carreira na principal emissora do país após 19
anos de casa? "Estou indo realizar o sonho da minha vida", justifica
Flavia, de mudança para Portugal, onde irá morar com o marido e o filho _e
pretende engravidar novamente. "Por isso pedi para não renovarem o
contrato".
A jornalista
diz que agora está "feliz" e "leve", mas deixar a Globo não
foi uma decisão fácil. Pelo contrário. "Quando comecei a pensar na
possibilidade [de pedir demissão], doeu muito. Como jogar 19 anos para o alto?
Era tudo o que eu tinha, tudo o que construí. Venho trabalhando esse desapego
há meses, e eu sofri muito. Eu amo contar histórias, mudar a vida das
pessoas, ter o poder de ajudar as pessoas".
Flavia conta
que, apesar de ser "muito família", sempre colocou a profissão em
primeiro lugar. Por isso, retardou ao máximo possível a maternidade que tanto
sonhou. Em 2014, se apaixonou e se casou com Miguel Roquette, um empresário
português, dono da Quinta do Crasto, membro de uma família tradicional do
mercado de vinhos.
Pelo sonho de
ser mãe, recusou o convite da Globo para apresentar o Hora 1, no final de 2014.
Logo depois, engravidou. "Tive meu filho com 40 anos. Os médicos me
falavam 'Ou você tem agora ou poderá encontrar problemas para engravidar mais
para a frente'. E eu perdi duas gravidezes, logo no comecinho. Eu queria muito
ser mãe. Por isso eu disse não [ao Hora 1]", revela.
Flavia passou
parte da licença-maternidade com o marido em Portugal. Ao voltar, deixou de ser
a primeira opção para substituir os apresentadores dos telejornais locais de
São Paulo. Ela diz que não foi uma retaliação da emissora pela recusa ao Hora
1.
"Quem
pediu para ir para a reportagem fui eu", diz. "Quando eu voltei [de
licença-maternidade], perguntei para os chefe e eles disseram 'Nada
mudou'", sustenta. "Sempre fui valorizada na Globo".
Flavia
como marido, Miguel, e o filho, Matheus
(Reprodução/Instagram)
Mas a demissão
seria inevitável, já estava no horizonte da jornalista. "Ele [Roquette]
veio para cá por minha causa, sabia que eu amava minha profissão. Mas era uma
questão de tempo, uma hora eu ia tomar uma decisão [de pedir demissão]",
diz.
"Até uma
certa idade a gente se dedica à profissão. Sempre coloquei a profissão em
primeiro lugar, mas quando você tem um filho sua cabeça muda. E tem a questão
do país, a violência, dá um medo. É claro que podere levar o filho para um
lugar mais seguro pesou muito", confessa.
Flavia ainda
não sabe o que será de seu futuro profissional, tem consciência de que poderá
nunca mais apresentar um telejornal. Não descarta a possibilidade de continuar
no jornalismo _nem a de trilhar outro caminho, como virar empresária.
Por enquanto,
ela só quer saber de férias sabáticas. "As pessoas não acham possível que
depois de 19 anos você possa arriscar. Eu tive essa oportunidade e estou indo
realizar um sonho, o sonho da minha vida. Tenho plano de ter mais um
filho", revela.
Flavia começou
a carreira em 1998, na TV Globo de Brasília, e logo chamou a atenção dos chefes
do jornalismo, que a transferiram para São Paulo. Foi repórter e apresentadora
eventual do SPTV, do Bom Dia São Paulo, do Antena Paulista e do Jornal Hoje. Em
2007, assumiu a edição local do Globo Esporte. No ano seguinte, passou a
apresentar o mapa-tempo no JH e no Jornal Nacional, função que ocupou até 2013.
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