
Uma celebração à cidadania e à garantia de
direitos! Esse foi o clima da abertura do Seminário de Encerramento Estadual da
‘Jornada de Alfabetização do Maranhão: ‘Sim, Eu Posso! – Círculo de Cultura’,
realizado pelo Governo do Maranhão, por meio das secretarias de Estado da
Educação (Seduc) e de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), em
parceria com o Movimento do Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST),
nesta sexta-feira (16), no Centro de Convenções Paulo Freire, na Universidade
Federal do Maranhão (UFMA).
O objetivo do
seminário é fazer um balanço do programa ‘Sim, Eu Posso!’, que no Maranhão é
uma ação que integra a mobilização pela alfabetização dentro do Plano de Ações
‘Mais IDH’, instituído pelo governador Flávio Dino, com o objetivo de reduzir
os índices de analfabetismo no estado.
Quando o ‘Sim, eu
posso!’ foi iniciado em maio de 2016, nos oito municípios alcançados pela ação,
eram 24.541 analfabetos. Com a Jornada Alfabetizadora, o Governo do Maranhão e
o MST conseguiram reduzir em 29% o índice de analfabetismo nestes municípios,
certificando 7.119 jovens, adultos e idosos como alfabetizados pelo Programa e
realizaram o sonho de aprender a ler e escrever. Uma conquista para a vida
toda.
A abertura do seminário contou com a
participação de cerca de mil coordenadores, alfabetizadores e alfabetizados,
como o lavrador Feliciano de Sousa Lima, de 54 anos, que veio do município de
Jenipapo dos Vieiras, no Centro Sul do Maranhão. Filho de uma família de 11
irmãos, Feliciano nunca tinha tido a oportunidade de estudar. “Escrever e ler
eu não sabia, não. Mas, eu sabia fazer a roça, porque a minha vida foi
trabalhar na roça, meu pai me levava pra terra boa de roça. Quando apareceu o
‘Sim, eu posso!’ ‘os professor tinha’ uma maneira tão boa de ensinar e de
brincar, que eu fui pra escola. Eu achei que da maneira que eles ‘trouxero’
aquela educação, se fosse assim desde o princípio, todo mundo era alfabetizado
no Maranhão. Agora, eu sei escrever e ler. Quando eu vejo os ‘nome nas parede’,
em qualquer lugar eu já ‘tô’ lendo, não tem coisa melhor”, afirmou o lavrador
agora alfabetizado, que cultiva outro sonho: “Eu quero continuar estudando e
quero ser agrônomo, porque eu já seu cuidar da terra”, completou seu Feliciano.
O secretário da
Educação, Felipe Camarão, destacou o desafio assumido pelo governador Flavio
Dino de erradicar o analfabetismo no estado, que chegou ao século XXI com cerca
de 23% de sua população formada por analfabetos, ou seja, quase um milhão de
maranhenses acima de 15 anos não sabem ler e escrever. “O governador Flávio
Dino tem desempenhado um trabalho importantíssimo para erradicar o
analfabetismo de nosso estado, tirando essas pessoas da escuridão, fazendo com
que elas possam ter a luz de saber ler e escrever, e possibilitando mudanças
sociais profundas na vida delas. Iniciaremos um novo ciclo neste ano, com metas
ousadas e focadas em melhorar a vida das pessoas. Com a ajuda de todos,
governo, prefeituras e o MST, conseguiremos transformar a vida de mais pessoas
em nosso Estado”, enfatizou o secretário, afirmando que o ‘Sim, eu posso!’
continuará nos municípios onde foi iniciado, e será ampliado para mais sete
cidades, perfazendo 15 municípios neste segundo ciclo. “E daremos oportunidade
a quem foi alfabetizado de continuar estudando, para que possa concluir o
Ensino Fundamental, o Ensino Médio e, quem sabe, chegar a uma universidade”,
concluiu Felipe.
Para o Secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves, o sucesso da Jornada Alfabetizadora é uma demonstração clara de que é possível mudar a realidade do Maranhão. “Estamos vivenciando um projeto de justiça e de reparação de direito. E isto prova que, sim, podemos mudar a realidade do Maranhão! O que o governo fez foi um gesto que é o mais belo gesto da escola: levar a escola para aonde o aluno está. Que seja embaixo da árvore, que seja na casa de forno, ou no quintal da casa. É precioso fazer que a educação chegue a todos. Cada uma dessas pessoas alfabetizadas já sabia os segredos das plantas, das águas, das matas e das florestas. Com o ‘Sim, eu posso!’ eles aprenderam o código das letras, aprenderam a escrever o nome, tiveram garantido o acesso a um direito básico que lhes havia sido negado,” destacou.
Divina Lopes, que faz parte da coordenação
estadual do MST, declara que este momento representa muito para a educação do
estado. “A Jornada de Alfabetização cumpriu uma função social impressionante,
porque mobilizou os municípios e as pessoas, além de elevar o nível de
consciência delas em relação ao que elas têm direito de ter acesso, mostrou à
nossa população que quando o povo tem acesso, se dedica e aprende. Hoje nós
temos mais de 7 mil homens e mulheres, jovens e adultos que conseguiram se
alfabetizar, não é qualquer coisa”, declarou Divina.
Dona Joana Oliveira
de Sousa, de Itaipava de Grajaú, diz que depois de aprender a ler e escrever o
mundo ficou diferente. “O ‘Sim, eu posso!’ significou muito pra mim, porque
quem não tem leitura de jeito nenhum é cego da vista limpa. E quem aprende ler,
como eu aprendi, enxerga o mundo de um jeito muito melhor. Eu quero ir mais pra
frente, continuar estudando”, revelou a lavradora aposentada de 65 anos.
Um dos temas
abordados no primeiro dia do seminário foi a “Conjuntura Política Educacional’.
Clarice dos Santos, professora da Universidade de Brasília (UNB), que coordenou
a mesa, destacou a importância deste momento. “Este é um momento histórico.
Daqui a algum tempo, vai contar nos livros de história que, lá no ano de 2016,
no Maranhão mais de 7 mil pessoas foram alfabetizadas. São mais de 7 mil
pessoas que nunca mais terão que se humilhar diante de autoridades tendo que
assinar o nome com o dedo. Parabéns ao governador Flavio Dino, aos secretários
Felipe Camarão e Francisco Gonçalves, que tiveram a coragem de oportunizar uma
ação como esta”, disse Clarice dos Santos.
Mais dignidade e
cidadania aos novos alfabetizados
Além de um momento para confraternizar e conhecer de perto o balanço de toda a
jornada do Programa ‘Sim, eu posso!’, o Seminário Estadual está sendo mais uma
oportunidade para os novos alfabetizados exercerem o direito de ser cidadão. No
local, foi instalada a Unidade Móvel do Procon/Viva, onde os agora
alfabetizados podem trocar seus documentos de identidade antigos, por novos.
É o caso de seu Vicente Borges de Sousa, de 39 anos, que aproveitou para trocar sua carteira de identidade que carregava apenas sua digital, por um documento novinho, assinado por ele. “Eu era analfabeto, ‘botava’ o dedo, ai estudei no ‘Sim, eu posso!’ e aprendi um pouquinho. A emoção é muito boa, porque ser uma pessoa analfabeta é ruim demais. Ter um documento assinado letrinha por letrinha, a gente fica mais feliz, com uma felicidade intensa. Agora vou exibir a carteira com mais orgulho”, falou o lavrador Vicente, animado com os planos futuros de continuar estudando e se formar.
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