Polícia Federal e investigadores suíços acreditam que Alstom e
Siemens usaram empresas fantasmas domiciliadas em Montevidéu para pagar propina
a funcionários das estatais de trem e metrô de São Paulo; em um dos casos, a
multinacional alemã cita supostas consultorias da Gantown e da Leraway, em
abril de 2000, relativas à implantação da Linha 5 (Lilás) do Metrô; ex-diretor
da multinacional Siemens Everton Rheinheimer afirma que houve suborno de 9% no
contrato de R$ 1,57 bilhão
6 DE MARÇO DE 2014
A Polícia Federal
identificou três empresas uruguaias de fachada, contratadas pela Alstom e pela
Siemens para dar consultoria sobre projetos do Metrô e da Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos (CPTM). Elas podem ter sido usadas para pagar propina a
agentes públicos das estatais de São Paulo dentro do esquema do cartel.
Reportagem de Fernando
Gallo, do Estado de S. Paulo, afirma que Gantown, a Leraway e a GHT Consulting
estão domiciliadas em Montevidéu onde funciona o escritório Guyer y Regules,
especialista em criar sociedades anônimas. Elas fazem parte de uma lista de
empresas que o Ministério Público da Suíça atribui aos consultores Arthur
Teixeira e Sérgio Teixeira. Arthur foi indiciado pela Polícia Federal no
inquérito do cartel, suspeito de intermediar as propinas.
Três secretários do governo
do Estado são citados como destinatários do suborno: o chefe da Casa Civil,
Edson Aparecido, o secretário de Energia, José Aníbal e o hoje secretário do
Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia (DEM).
Segundo o Ministério Público
suíço, a Alstom firmou, em 1999, contratos de consultoria com a Gantown e a GHT
Consulting para fornecer 129 composições à CPTM.
A Siemens também usou o
suposto serviço em abril de 2000 para consultoria relativa à implantação da
Linha 5 (Lilás) do Metrô.
O negócio em questão foi
subornado segundo depoimento do ex-diretor da multinacional Siemens Everton
Rheinheimer. Ele afirma que as empresas suspeitas cartel pagaram 9% para
fornecer trens à linha 5 do Metrô, um contrato de R$ 1,57 bilhão, em valores atualizados.
No total, o esquema montado
em governos tucanos em São Paulo, desde a gestão de Mario Covas (1998), pode
ter pago mais de R$ 197 milhões em propina.
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